quinta-feira, janeiro 27, 2005

Auschwitz também esconde histórias de amor


Milhares de luzes a brilhar, representam os 1,1 milhões que morreram devido ao nazismo. No Memorial dos Mártires da Deportação, em Paris.

Quando faz 60 anos da libertação dos prisioneiros do campo nazi de Auschwitz, surge uma história de amor que ocorreu no campo do horror

João Tomé; in Destak


145086. Este é o número tatuado no antebraço que identificava David Szumiraj na sua passagem pelo campo nazi de Auschwitz, símbolo de terror e morte, cuja libertação dos prisioneiros ocorreu precisamente há 60 anos. Por trás do sorriso jovial deste octogenário judeu, a viver actualmente em Buenos Aires, esconde-se um sofrimento que vai para além das palavras – perdeu em Auschwitz 42 familiares –, mas também uma história de amor.
«Foi lá que conheci a minha futura mulher. Não podíamos falar, por isso apenas olhávamos um para o outro», confidenciou David à BBC. O jovem judeu conheceu Perla logo depois de ter sido poupado das câmaras de gás: «Numa das muitas selecções nazis no campo, um dos oficiais olhou para o meu corpo nú e disse “Links” [esquerda em alemão], o que significava a morte na câmara de gás». David puxou o colarinho do alemão de 2 metros e gritou «sou muito novo, deixe-me viver, posso trabalhar!».
O oficial impediu um soldado de lhe dar um tiro na cabeça e pôs David a trabalhar nos campos, onde apenas a troca de olhares com Perla motivou uma paixão que dura até aos dias de hoje.
A primeira conversa entre os dois ocorreu quando os alemães se preparavam para a retirada, com os avanços das tropas aliadas, e foi no meio dos campos de vegetais que deram o primeiro beijo.
Após a retirada alemã homens e mulheres foram separados e David só conseguiu localizar Perla um ano mais tarde, o amor em comum fê-los casarem-se faz em Fevereiro 59 anos. Hoje são orgulhosos bisavôs de três crianças – têm ainda sete netos e dois filhos.

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