(bela canção de intervenção que faz sentido hoje, 12 de Março. não concordo com tudo, mas concordo com muito. para quem passou pelo 25 de Abril, já sentiu uma união popular única do país. para quem nasceu depois de 1974, hoje foi O Dia da união de uma boa parte do país, em torno de um tema que está a afectar todas as gerações, particularmente aquela que busca os primeiros passos numa profissão e se sente enganada pelos cursos superiores desajustados da realidade.
nunca pensei em ver tanta gente na rua. ainda para mais gente de idades tão díspares, com profissões e experiências tão diferentes - vi de avós a bebés, a serem levados pelos pais. vi patrões e vi desempregados. vi gente séria, cativante, interessante e com ideias e vi gente parva a tentar fazer da manifestação aquilo que ela não era. estive no meio da multidão com uma câmara na mão e a gravar para a posteridade.)
Refúgio. Farto das redes sociais. Mas não me vejo livre delas. Farto daquela borbulha na zona do elástico do boxer, mas não há meio de me ver livre dela. Farto dos políticos, das Deolindas, dos Deolindos, das injustiças, da incerteza, do buraco do ozono, dos tsunamis e mesmo do cheiro a napalm pela manhã. Farto da ficção audiovisual, dos clichés, das tartarugas do trânsito, dos cabr*es desse pasto que é a estrada e das hipocrisias destes tempos de pornografia tecnológica. Farto de não estar farto e farto de estar. A insatisfação faz parte do ser humano e da vida humana em geral e a saturação vem com o território. Por isso, mudam os tempos, mudam-se as vontades...