sexta-feira, outubro 29, 2010

obcecado com o poder

Será que as notícias: PSD com maioria nas sondagens; e Sócrates já admite negociar o orçamento, têm uma relação directa? Eu aposto que sim.

Pinto de Sousa continua a ter esperança que em Maio, nas eleições antecipadas mais que prováveis, volte a enganar o país e ganhar. E, de certeza, que quer maioria absoluta. Mas, vai daí, talvez esteja enganado.

segunda-feira, outubro 25, 2010

o mundo é uma ilha

A sensação mais surpreendente em ir pela 1ª vez a uma das ilhas portuguesas no Atlântico (Madeira) é a de que a terra não nos pertence, mesmo que tenhamos vivido uma vida inteira nela.
No Continente europeu é fácil perceber que estamos em locais habitados há muitos séculos, milénios mesmo. Existe muita terra por onde ir e temos sempre por onde continuar viagem. Quase que não acaba - só mesmo na Sibéria.
Madeira ou Açores, ou outra ilha assim, perdida no Oceano, vive rodeada de mar e qualquer uma destas ilhas vive mais condicionada pelo terreno acidentado, repleto de falésias, fajãs e afins. E vive ainda mais condicionada pelas condições climatéricas. A proximidade de avião e as coisas materiais tão portuguesas e semelhantes ao Continente não invalidam de que estamos num local longínquo e diferente, um prodígio da natureza, uma terra recente criada por vulcões e muito menos tocada pelo homem do que qualquer canto do continente europeu. Daí que perceba e não esqueça os homens que vi, sozinhos, junto à baía do Funchal, a contemplar durante um tempo sem fim o mar, o oceano, o horizonte. Quem vive numa ilha por mais voltas que dê acaba sempre a contemplar o mar.



Funchal, Setembro, 2010

segunda-feira, outubro 18, 2010

só há um sócrates, é este

Há muitos modos de viver a vida e de pensar nela. Sócrates, o verdadeiro, o antigo, o grego, tinha uma forma de ver a vida muito especial, mas que para mim fazia perfeito sentido. Pese embora as interpretações das palavras possam ser variadas, os princípios que regem as palavras deste homem filósofo que nunca escreveu nada que possamos ler, são aquilo que poderia e devia reger o pensamento humano geral e as sociedades.

Este excelente artigo do Guardian converte na perfeição e com uma facilidade espantosa, o pensamento Socrático para a actualidade. E não é que o senhor, qual autor da Bíblia, ao falar da sua sociedade, de então, parece que fala do vazio existencial que parece existir cada vez na sociedade ocidental?!

Socrates – a man for our times

"(...)
Socrates's problems were our own. He lived in a city-state that was for the first time working out what role true democracy should play in human society. His hometown – successful, cash-rich – was in danger of being swamped by its own vigorous quest for beautiful objects, new experiences, foreign coins.

The philosopher also lived through (and fought in) debilitating wars, declared under the banner of demos-kratia – people power, democracy. The Peloponnesian conflict of the fifth century against Sparta and her allies was criticised by many contemporaries as being "without just cause". Although some in the region willingly took up this new idea of democratic politics, others were forced by Athens to love it at the point of a sword. Socrates questioned such blind obedience to an ideology.
"What is the point," he asked, "of walls and warships and glittering statues if the men who build them are not happy?"  
What is the reason for living life, other than to love it?

For Socrates, the pursuit of knowledge was as essential as the air we breathe. Rather than a brainiac grey-beard, we should think of him as his contemporaries knew him: a bustling, energetic, wine-swilling, man-loving, vigorous, pug-nosed, sword-bearing war-veteran: a citizen of the world, a man of the streets.

According to his biographers Plato and Xenophon, Socrates did not just search for the meaning of life, but the meaning of our own lives. He asked fundamental questions of human existence. What makes us happy? What makes us good? What is virtue? What is love? What is fear? How should we best live our lives? Socrates saw the problems of the modern world coming; and he would certainly have something to say about how we live today.

He was anxious about the emerging power of the written word over face-to-face contact. The Athenian agora was his teaching room. Here he would jump on unsuspecting passersby, as Xenophon records. "One day Socrates met a young man on the streets of Athens. 'Where can bread be found?' asked the philosopher. The young man responded politely. 'And where can wine be found?' asked Socrates. With the same pleasant manner, the young man told Socrates where to get wine. 'And where can the good and the noble be found?' then asked Socrates. The young man was puzzled and unable to answer. 'Follow me to the streets and learn,' said the philosopher."

Whereas immediate, personal contact helped foster a kind of honesty, Socrates argued that strings of words could be manipulated, particularly when disseminated to a mass market. "You might think words spoke as if they had intelligence, but if you question them they always say only one thing . . . every word . . . when ill-treated or unjustly reviled always needs its father to protect it," he said.

When psychologists today talk of the danger for the next generation of too much keyboard and texting time, Socrates would have flashed one of his infuriating "I told you so" smiles. Our modern passion for fact-collection and box-ticking rather than a deep comprehension of the world around us would have horrified him too. What was the point, he said, of cataloguing the world without loving it? He went further: "Love is the one thing I understand."

The televised election debates earlier this year would also have given pause. Socrates was withering when it came to a polished rhetorical performance. For him a powerful, substanceless argument was a disgusting thing: rhetoric without truth was one of the greatest threats to the "good" society.
(...)"



Óbvio e incrível como a história se repete.

terça-feira, outubro 12, 2010

quem somos nós e o que fazemos aqui?

Há alturas do dia (é mais pela noite) em que me questiono: Onde é que nós virámos na curva errada?

Nunca percebi bem o saudosismo exagerado. Mas começo a perceber melhor porque ele surge com facilidade.

Já ouviram falar do Windows 2.0, 2.1, 3.0, 3.1, 95, 98, Me, NT, XP, Vista e 7? Do iPhone 1, 3, 4?
Já ouviram falar da 6.ª geração do Golf ou do restyling do Citroën C4 Picasso?
Já ouviram falar dos políticos profissionais 2.0 cheios de argumentos e marketing a nos venderem o seu produto, eles próprios?
Já ouviram falar nas novíssimas botas de couro mostarda cano baixo e abertura na frente do Marc Jacobs?

Perseguimos bens, empregos e uma vida que nos é vendida e promovida, mas que é irreal e muitas vezes vazia. E o preço dessa vida, muitas vezes, significa que nos vendemos e nos perdemos (a nossa essência).

Algures pelo caminho, numa das várias curvas do destino, chega a parecer que nos perdemos num excesso de capitalismo (ganância absoluta e premiada: «o dinheiro nunca dorme») e de cultura das vendas, da novidade constante e da respiração ao ritmo do marketing. Não que não tenham havido benefícios, vantagens e melhorias. Houve. Mas, nestes dias de crise financeira profunda e de falhanço óbvio das instituições que nos governam, dá vontade de questionar tudo. Incluindo as curvas que os nossos antepassados, ou os seus governantes, curvaram por nós, escolheram por nós.


Daí que citar esse grande poeta dos tempos modernos (nascido, eternizado e desaparecido nos anos 1990), Tyler Durden, nos dias que correm faça todo o sentido:

"You're not your job. You're not how much money you have in the bank. You're not the car you drive. You're not the contents of your wallet. You're not your fucking khakis. You're the all-singing, all-dancing crap of the world."


"God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off."

quarta-feira, outubro 06, 2010

o poder do dinheiro

"[Sobre a vitória do mundo capitalista (os Estados Unidos) sobre o mundo socialista (Rússia) nos tempos da Guerra Fria]
Hoje, quem governa o mundo é um poder chamado o dinheiro. Esse poder enorme preocupa-se apenas com a sua própria multiplicação e não faz reinar no mundo os valores eternos da humanidade e da justiça.
"


Por instantes poderia parecer uma frase de Gordon Gekko, na sequela do filme Wall Street. Mas não, a citação é de José Hermano Saraiva

terça-feira, outubro 05, 2010

straddling bus




Inovações chinesas. Ver este conceito curioso (pensado para as cidades) de uma mistura entre autocarro (que utiliza as estradas) e comboio (anda sobre uns carris laterais especiais) que permite aos carros andarem por baixo dele faz pensar no TVG como algo do século passado. Esperem, o TGV é do século passado.