sábado, janeiro 02, 2010

jmf e o cm

É estranho (mas compreensível) ver um cronista e ex-director do Público, como José Manuel Fernandes, escrever esta curiosa crónica no Correio da Manhã - onde está um ex-director adjunto do Público chamado Eduardo Dâmaso. A crónica que se segue, se calhar, se fosse escrita no Público, poderia ter menos impacto ou ser vista de outra forma.


Sócrates e relações perigosas
"Ninguém, na assembleia da república, quis saber o que se passava. a entidade reguladora para a comunicação social (erc) não mexeu um dedo. E o caso só não foi esquecido porque, dez meses e três eleições depois, a revista ‘Sábado’ fez uma investigação.
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Vale pois a pena recordar os principais casos, já que definem um padrão de comportamento, a saber: José Sócrates tem dificuldade em lidar com as críticas e, por isso, com a liberdade de imprensa, não hesitando em utilizar meios como o ataque político directo, o recurso aos tribunais como forma de intimidação ou o exercício de pressões económicas sobre as empresas e os seus accionistas. Isto para não falar das mudanças legislativas, que Francisco Pinto Balsemão já disse corresponderem a 'um plano para enfraquecer os grupos de Comunicação Social privados'. Aqui pela mão de um ministro, Augusto Santos Silva, 'o pior ministro que houve desde o 25 de Abril'.
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O que estará nas famosas 'escutas' de conversas entre Vara e Sócrates será apenas a ponta do icebergue. O primeiro-ministro estava por dentro dos planos da PT para comprar a TVI (e, supõe--se, domesticá-la)? Não passa pela cabeça de ninguém que não estivesse. Não se percebia como é que o grupo do 'amigo' Joaquim Oliveira conseguia financiar os seus investimentos na comunicação social? Há muito que se especulava sobre as suas relações 'especiais' com gestores da banca como Vara. As conversas suportam as suspeitas? Não sabemos, pelo que o melhor é revelá-las para não subsistirem dúvidas sobre temas tão graves.
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Não se sabe a que 'ondas indesejáveis' se referia o editorialista que se tem distinguido na defesa do seu accionista, a Ongoing, dos seus aliados, o BES e a PT, e também de José Sócrates. Mas 2009 mostrou que o jornalismo independente é um osso duro de roer e que se há 'impérios' construídos sobre a areia, vulneráveis a quaisquer ondas, há também gente de carácter, firme como uma rocha, que dá e dará muita luta a tudo o que for indesejável, e doentio, numa democracia aberta e livre. "


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