domingo, agosto 02, 2009

hallelujah senhor coen



(texto escrito quinta-feira à noite para Destak.pt)


Concerto
Leonard Cohen «és o nosso homem»
Chama-se Leonard Cohen, inspirou músicos, letristas, poetas e meros apreciadores de música ao longo de várias gerações e esta noite a sua voz única inundou de sorrisos um Pavilhão Atlântico quase lotado. Despediu-se a dizer desejando o «mais difícil», «sejam bondosos».

A voz inimitável, grave como poucas e muito melodiosa. Os poemas inspirados e que tocam as profundezas humanas. A boa música tocada e cantada por uma banda de excepção – que incluiu uma colaboradora em algumas letras, de timbre notável. O senhor Coen, anfitrião da casa que é a sua voz, tornou a noite de 30 de Julho de 2009 especial para os 12 mil espectadores que estiveram no Atlântico.

Dono de um charme que parece em vias de extinção e um à vontade e entrega a cada canção como se fosse a última, Leonard Cohen cantou, tocou, dançou, ajoelhou-se e fez ainda uma oração muito especial. O senhor Cohen, quando canta, fá-lo para cada um de nós. Mesmo num local com tantas pessoas. Em palco, o senhor que criou álbuns como Songs of Love and Hate, Death of a Ladies' Man e I'm Your Man ainda sorriu, agradeceu ao público «demasiado amáveis», alterou a letra de uma canção para colocar a palavra «Lisboa» e ainda fez questão de apresentar a sua banda de amigos (com CV’s incluídos) duas vezes.


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Por entre espanhóis, canadianos, holandeses e, claro, muitos portugueses, os seguidores desta espécie de religião Leonard Cohen vibraram mais com três belos momentos em três belas canções. Tower of Song foi o primeiro auge da noite. A mais energética e famosa (até pela cover de Jeff Buckley) canção/hino, Hallelujah, tornou-se no momento mais especial deste concerto de três horas (com um intervalo simpático pelo meio). Memorável e perfeita foi ainda a interpretação de I’m Your Man, durante a qual um convidado da casa Cohen gritou acertadamente: «és o nosso homem».

Para o final difícil era estar-se sentado… tal era a energia e a inspiração que fluía pelo “lar” onde Leonard Cohen nos acolheu – ele no palco, nós, público, nas bancadas. A partir de Hallelujah não faltaram as ovações de pé, interacções alegres com a banda e até flores para o senhor Cohen.

Em alguns seres humanos o talento é como um bom vinho, fica apurado com a idade. Leonard Cohen, canadiano que cumpre em Setembro 75 anos, é o exemplo claro de que a velhice não tem de ser o caminho para a perda de capacidades, mas pode ser o continuar do auge. Esta noite, em Lisboa, viu-se e acima de tudo sentiu-se, o auge.



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