segunda-feira, junho 20, 2005

blogues e os seus limites


China censura blogues com ajuda da Microsoft
Internet
. O mundo cibernético passou a ser um meio por excelência de partilha da livre opinião, desde que foram criados os blogues. Para contrariar a crescente utilização dos blogues, o governo chinês em conjunto com uma empresa da Microsoft está a censurar palavras como “liberdade”, “democracia”, "Tibete", "capitalismo", "socialismo" "Dalai Lama", "independência de Taiwan", Falun Gong" e “Tiananmen”. Fomos ouvir Francisco José Viegas e João Paulo Meneses.

João Tomé - in Destak (20-06-2005)
esta é uma versão bem maior e um pouco diferente da que saiu no jornal

As recentes notícias que surgiram no jornal Financial Times sobre a censura a palavras nos blogues que uma empresa da Microsoft na China, MSN Space, está a fazer em conjunto com as autoridades chinesas coloca na ordem do dia um debate importante sobre os limites que existem na liberdade dos blogues.
Para Francisco José Viegas, escritor, jornalista e “blogger” português: «a censura que a Microsoft acedeu a praticar, que é uma vergonha para todos nós, não é inédita». O jornalista relembrou que a empresa já tinha banido a “estrela de David”, símbolo do judaísmo, do conjunto dos símbolos partilháveis do Windows XP, «cedendo aos lobbies anti-semitas e árabes».
Já João Paulo Meneses, jornalista da TSF (autor de um livro sobre a rádio portuguesa) e blogger, «aquilo que a Microsoft está a fazer e que outras empresas americanas já fizeram, criar vigilância e censura, é a contrapartida que o governo chinês exige para autorizar a entrada de empresas estrangeiras». Como tal, considera que a Microsoft está a «contrariar a lógica de liberdade de expressão e participação cívica» que a génese dos blogues tem, ainda para mais no país mais fechado do mundo.
«Apesar de tudo os blogues vão sobreviver para além da ambição financeira de Bill Gates», explicou João Paulo Meneses. Francisco José Viegas vai mais longe ao considerar que a empresa americana está a mostrar poder ser mais desprezível do que o governo chinês, ao colocar a sua tecnologia ao serviço de um regime que «despreza a liberdade e os direitos humanos». «Por mais surpreendente que isso seja, é legítimo (nada os impede) que a Microsoft faça esse serviço de censura por encomenda», acrescenta o autor.
Esta entrada da Microsoft no mercado chinês deverá trazer mais 100 milhões de utilizadores este ano, tornando a China o segundo país com mais pessoas online.


Legitimidade das restrições
Não é só na China que existem restrições, na Alemanha sites e palavras nazis são proibidos. Até que ponto isto será legítimo? «Não é legítimo, evidentemente. Sou contra a proibição de sites nazis, de qualquer modo – mas acredito que devem ser vigiados e monitorizados em nome da segurança e da liberdade», disse Francisco José Viegas. O jornalista da TSF João Paulo Meneses tem uma opinião um pouco diferente: «não vejo o mundo da Internet diferente da sociedade de direito e, tal como em Portugal não se aceita partidos políticos que defendam o nazismo, não me chocaria proibir-se sites nazis - também devem haver limites nos blogues». Relativamente à proibição das palavras João Paulo Meneses considera um exagero. «Até por questões históricas é legitimo escrever-se sobre o nazismo», disse.

Blogues provocam demissões
Em vários países onde a Internet e os blogues são já uma ferramenta fundamental surgem notícias de pessoas que, por causa do seu pequeno e pessoal blogue, foram despedidas. Tal como um número crescente de funcionários, um norte-americano de 27 anos, Peter Whitney, decidiu criar um blogue para fazer uma crónica da sua vida. Quando começou a dizer mal de algumas pessoas com quem trabalhava teve uma audiência pouco desejada, os patrões. Foi despedido, tal como já se sucedeu a vários funcionários do Google e IBM. O blog de Peter: gravityspike.blogspot.com.

China recruta quatro mil ciberpolícias (ver mais in Exame Informática)
O governo chinês lançou na quinta-feira uma campanha para recrutar quatro mil polícias que têm como missão controlar as páginas consultadas nos vários cibercafés do país.


Blog principal de João Paulo Meneses: Blogouve-se
Blog principal de Francisco José Viegas: Aviz

ver aqui as respostas mais completas de Francisco José Viegas e João Paulo Meneses (que lançou agora um livro)

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