terça-feira, maio 11, 2004

Investigadores querem criar supercomputador

in DN

Construir o maior e mais poderoso computador de investigação científica português, inscrevendo-o na lista dos 500 maiores supercomputadores mundiais, é o principal objectivo dos responsáveis do Centopeia, um projecto que surge da associação de diversos laboratórios no Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra.

Para instalar o futuro «cluster» de computadores, os investigadores Carlos Fiolhais e Pedro Alberto, que lideram aquele laboratório, aguardam a aprovação da candidatura de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Actualmente existe já um supercomputador, com 89 unidades, existente no Laboratório de Computação Avançada da Universidade de Coimbra (UC). A meta é, agora construir um megacomputador, com 286 aparelhos em paralelo.

O Centopeia, em funcionamento desde 1998, está prestes a atingir as 100 unidades. Inicialmente com 24 computadores, este «cluster» conta já com a 89.ª unidade.

Carlos Fiolhais, director do Centro de Física Computacional da UC, espera agora a verba da candidatura, orçada em 600 mil euros. No caso de apenas receber uma parte, haverá uma mudança de planos, ficando o aparelho a construir com apenas 128 computadores.

É com o conhecimento adquirido na construção do Centopeia que os responsáveis pelo laboratório pretendem criar «o novo ferrari da computação em Portugal», diz Carlos Fiolhais. Além de ser utilizado pelos investigadores da UC, o Centopeia está a servir de ferramenta para as universidades de Aveiro, Porto, Vila Real, Covilhã e Braga. As potencialidades de cálculo são usadas à distância, via Internet, e de forma gratuita.

O melhor computador português para cálculo científico está já a servir uma empresa de tecnologia de ponta de Coimbra, a Critical Software, que executa serviços para a NASA. Segundo Carlos Fiolhais, o Centopeia vai ser utilizado em breve pelo IPO de Coimbra para testar níveis de radiação a aplicar sobre os tumores. «Ao contrário do que acontece em Portugal, onde a ciência vive de pequenas capelinhas, nós tentamos partilhar meios e conhecimento», defende.

O físico acrescenta que este é «um computador multiusos», ao contrário do primeiro aparelho a nível mundial, instalado no Japão - que simula alterações climáticas. E ainda daquele que está cotado em segundo lugar, o americano, utilizado em armamento.

Até agora, o Centopeia, que congrega 18 académicos e 15 estudantes, já efectuou trabalhos em dobragem de proteínas - responsáveis pela Doença dos Pezinhos-, estudo de novos materiais e ainda na área da física de partículas.

Sem comentários: