quinta-feira, dezembro 30, 1999

Jogo Portugal - Espanha (20-06-2004) Euro 2004

in Última Hora - Publico.pt

Desporto 20-06-2004 - 21h43

Jogo emocionante com golo de Nuno Gomes

Portugal nos quartos-de-final após vitória sobre a Espanha (1-0)

: João Tomé (PUBLICO.PT)


Portugal está nos quartos-de-final, após vencer a Espanha com um golo de Nuno Gomes. Portugal fica agora no primeiro lugar do grupo A, com a derrota da Grécia frente à Rússia. A Grécia é a segunda classificada e também segue para os quartos-de-final. É a festa portuguesa por todo país.

Nuno Gomes, que só entrou na segunda parte do jogo, foi o autor do golo da vitória, aos 57 minutos. A selecção portuguesa tinha de vencer para seguir em frente, e cumpriu, numa partida emocionante que afastou a Espanha da prova, apesar de esta ter ficado com quatro pontos, os mesmos da Grécia. O que contou para o segundo lugar do grupo A foi o maior número de golos dos gregos, neste caso dois golos a mais, que os colocou no quartos-de-final.

A partida decisiva em Alvalade começou com grande ímpeto ofensivo da selecção portuguesa, que criou algumas oportunidades, fruto das boas exibições do jogador mais jovem da selecção portuguesa, Cristiano Ronaldo, e de Deco. Miguel e Ronaldo combinaram muito bem na ala direita e o extremo português levou, com fintas incríveis, quase sempre a melhor sobre Raúl Bravo.

A Espanha também foi criando algum perigo por Joaquín e por Raúl. Aos 41 minutos, Costinha podia ter inaugurado o marcador com um remate de cabeça que passou por cima da baliza de Casillas.

As melhores oportunidades ocorreram no final da primeira parte, primeiro com um cabeceamento muito perigoso do espanhol Torres (que substituiu Morientes na titularidade) e, um minuto depois, com um cabeceamento de Ronaldo, a corresponder a um bom passe de Figo, que por pouco não foi golo.

A segunda parte começou com menos segurança da equipa portuguesa, que demorou a entrar no mesmo ritmo da primeira parte. Aos 57 minutos, Nuno Gomes, que tinha entrado ao intervalo para o lugar do “apagado” Pauleta, combina com Figo, recebe de tabela de costas para a baliza, vira-se e remata para golo, à entrada da área, forte e cruzado junto ao poste direito da baliza defendida por Casillas. Um golo que colocou Portugal nos quartos-de-final.

Depois do golo a selecção espanhola arriscou tudo com a entrada Luque e, mais para o final do encontro, de Morientes, mas, apesar de ter tido algumas oportunidades flagrantes para chegar ao empate, com uma bola à barra e outra ao poste, a equipa espanhola não conseguiu concretizar.

Um final de jogo emocionante, em que a selecção portuguesa também podia ter marcado, com três oportunidades flagrantes de golo, duas das quais resultaram em grandes defesas de Casillas. Costinha aos 88’ falhou uma oportunidade isolado frente ao guarda-redes espanhol, cabeceando para fora, depois de uma grande jogada de Deco e Nuno Valente.

Portugal joga na quinta-feira, no Estádio da Luz, em Lisboa, pelas 19h45, com o segundo classificado do grupo B – Inglaterra, França ou Croácia, visto que é amanhã que tudo se decide no grupo B.

Declarações

Portugal:

Ricardo "Hoje foi a minha noite mais importante em Alvalade. Foi um jogo magnífico. Agora temos de pensar nas coisas boas e nas menos boas que aconteceram. Vamos continuar o nosso trabalho como até aqui".

Figo "Em alguns momentos tivemos alguma felicidade, mas fomos uns justos vencedores. Penso que fizemos uma primeira parte fantástica em tudo, em entrega, em qualidade do jogo e em pressão, embora a qualidade física tenha oscilado, como é normal.”

Scolari “Entrámos com muita determinação e vontade. Aquilo com que preocupo é sempre a resposta positiva da equipa em campo e com o apoio popular que foi muito bom e motivou muito mais este grupo.”

Durão Barroso “Portugal verdadeiramente merecia. Foi dia desportivo mais feliz da minha vida. Estava com ansiedade, graças a deus que correu tudo bem e a equipa mereceu. Agora vamos em frente. Com confiança, concentração e a dar o máximo. Acho que se Deus quiser vamos longe.

Espanha:

Iñaki Sáez (seleccionador espanhol) “Criámos boas oportunidades de golo, de qualquer maneira o resultado não se alterou. É pena que saiamos do Euro 2004 com os mesmos pontos que a Grécia, apenas por diferença de golos. Falhámos muitas oportunidades.”

Fernando Torres "Hoje Portugal foi mais forte. Entrou com muita força. Foi um resultado justo. O Jorge Andrade é um grande jogador e será no futuro um dos grandes centrais da Europa".


Ficha de jogo do Espanha-Portugal

Equipas:

Espanha - Casillas, Puyol, Helguera, Juanito (Morientes, 80’), Raúl Bravo, Albelda (Baraja, 66’), Xabi Alonso, Joaquín (Luque, 72’), Raúl, Vicente e Fernando Torres.
(Suplentes: Canizares, Aranzubia, Capdevilla, César, Baraja, Gabri, Xavi, Etxeberria, Valerón, Luque e Morientes).

Portugal - Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Figo (Petit, 78), Deco, Cristiano Ronaldo (Fernando Couto, 85) e Pauleta (Nuno Gomes, 46).

(Suplentes: Quim, Moreira, Paulo Ferreira, Fernando Couto, Beto, Rui Jorge, Petit, Tiago, Rui Costa, Simão, Nuno Gomes e Hélder Postiga).

Árbitro Anders Frisk (Suécia)

Acção disciplinar Cartão amarelo para Pauleta (7’), Albelda (8’), Nuno Gomes (65'), Juanito (68') e Puyol (74').

Golos Nuno Gomes 57’

Assistência 47.500 mil espectadores

Classificação do Grupo A
1. PORTUGAL 3J 2V 0E 1D 4-2 6P
2. Grécia 3J 1V 1E 1D 4-4 4P
3. Espanha 3J 1V 1E 1D 2-2 4P
4. Rússia 3J 1V 0E 2D 2-4 3P

domingo, novembro 14, 1999

Entrevista | Gonçalo Ribeiro Telles


Imagem da National Geographic portuguesa



«O problema é mais grave do que se pensa»
A poluição urbana é um problema das cidades modernas e que vai condicionar a vida das gerações futuras. Com 81 anos, o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeito Telles já foi secretário de Estado, ministro, vereador e deputado e é um acérrimo defensor do ambiente. O autor da principal legislação ambiental do país, explicou ao Destak que a maior parte das medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades são erradas e que para uma melhor qualidade de vida e ambiente à-que apostar numa política de reorganização urbana, evitando a entrada de carros nas grandes cidades. É o nosso futuro que está em causa quando se prejudica o ambiente.

por João Tomé
[publicado no jornal
Destak, em Setembro 2004 - versão aumentada]


As cidades portuguesas estão cheias de carros e o aumento de combustíveis este ano chegou mesmo a aumentar 3% no primeiro semestre. Para si, a que se deve este aumento no uso de combustíveis mesmo depois dos preços terem aumentado 12,4%?
Tudo isso é uma consequência da forma como as cidades crescem, e do modelo de crescimento urbano que aplicamos. A cidades estão com tantos carros e isso só aumento também devido ao grande apoio e incentivo que o transporte privado tem tido pelos responsáveis das câmaras e do país. No Algarve, por exemplo, todas as vias entre os lotes de aldeias turísticas de construção não tem sequer espaço para a circulação de peões e bicicletas. São faixas de asfalto com seis metros de largura e 65 centímetros de passeios de cada lado. Isto incentiva a que se ande só de automóvel, ninguém anda nem passeia a pé ou de bicicleta, enfim, numa zona turística.
Lisboa, por exemplo, enquanto não incentivar uma política de corredores verdes e circulação de bicicletas e de peões na cidade não tem solução em termos, nem de qualidade de vida nem de recreio.

Que doenças ou dificuldades de saúde pode criar a poluição urbana?
Pode atacar as vias respiratórias, que é muito grave, e ainda existe outro problema que é a secura estival. É provocada pelo excesso de temperatura, nos meses quentes nas cidades porque não há um regulador indispensável na cidade que é a vegetação. Quando estamos a ter uma política de fazer parques de estacionamento dentro dos zonas interiores da cidade, dentro dos quintais, em todo o lado, estamos a prejudicar muito o problema de saúde na cidade.

No que diz respeito à poluição urbana, quais as medidas a curto prazo e mais urgentes a adoptar?
O calor é provocado porque só existem superficies impermeáveis, que não respiram, e faltam as superficies permeáveis como a vegetação, que respiram. Portanto, a temperatura aumenta desmesuradamente, porque a radiação das paredes é muito grande e não tem o necessário contrabalançar do sistema natural e da vegetação como se faz hoje em muitas das cidades europeias. Ou seja, isto vai “morrer” sufocado no Verão e “morrer” inundado no Inverno.
Além do mais, não pode haver tantos parques de estacionamento, principalmente subterrâneos, nem a circulação intensa que hoje temos. Não temos já divisas para pagar a energia que vem de fora. O problema é muito mais grave do que se pensa e é muito grave também em termos de qualidade e de abastecimento alimentar.

Os transportes públicos em Lisboa não funcionam porque há muitos automóveis que vêm para a cidade com uma pessoa e também não vêm nos transportes públicos porque demoram muito tempo.
Lisboa tem todo um plano feito e estudado para uma circulação de bicicletas em toda a cidade, que não foi aplicado porque não interessa. Têm de ser feitos corredores especiais integrados na vegetação e isso diminui a possibilidade da construção, coisa que muitos não querem.

E a longo prazo?
É modificar o urbanismo zomado por grandes concentrações de construções e ausência de corredores, transformá-lo num urbanismo e planeamento sistémico. Por exemplo, temos de tratar do problema da circulação da água, não podemos ter espaços verdes a brincar aos parques, que já não se usam em lado nenhum. Hoje têm de ser criados nos melhores sitios para que a vegetação cresça, mas o que acontece é que são construidos com uma porcaria de arranjos exteriores e de parquesinhos que são artificiais e que custam muito dinheiro para conservar e não têm a extensão que possibilite um melhor recreio e melhor qualidade de verde.

A nível de planeamento continua a haver poucos espaços verdes, será que essa situação faz parte da mentalidade portuguesa?
Não é disso que se trata. O que se passa é que há uma lei que não é cumprida que é a número 399, de 22 de Setembro, que diz que todos os munícipios tem de ter, com base do planeamento, uma estrutura ecológica municipal. Onde é que ela está? Não existe em nenhum munícipio. Trata-se de uma estrutura ecológica que mete todas as formas do sistema natural. Desde os bosques, às agriculturas dos vales, às encostas, aos espaços mais de recreio, às circulações de peões e bicicletas, não é um somatória de jardins e parques é algo mais, que está já a ser feito na maior parte das cidades, em França, na Alemanha, na Holanda. Além disso, também há tantos automóveis privados e tantas casas vazias.

Somos pouco preocupados na generalidade com o ambiente?
Não somos nós que não somos preocupados. Isto tem a ver com as fortunas que se fazem em Portugal e que hoje são muitas, que se fazem há custa da especulação urbana. É a política global que está errada, que é da responsabilidade dos governos e das autarquias que é quem comanda o processo de desenvolvimento.

Está neste momento a realizar um projecto de recuperação dos jardins da Gulbenkian. Como se recupera um jardim, o que envolve esse processo?
Eu estou a fazer exactamente o que deve ser feito nos serviços que existem, que é recuperá-los para uma economia mais natural que implique uma situação estável da vegetação e não uma situação artificial, que é o que se está a fazer por todo o lado na Europa. Os relvados nos parques públicos não são artificiais, são prados. Toda a parte de arborização e das redes são bosques, principalmente com as árvores do local, indígenas. Para saber o que envolve o processo de uma forma prática, só mesmo lá indo ver à Gulbenkian. Um jardim daqueles é uma questão de concepção e não apenas de flores. O mais importante num jardim acaba por ser a manutenção e conservação e por isso recuperar um jardim demora a eternidade. Cá desligou-se a concepção de jardins da sua manutenção, como se fossem casas ou edificios. O sistema natural desses espaços está em permanente evolução e a manutenção tem de acompanhá-la, que é o crescimento das árvores, dos prados. A manutenção não pode procurar que aquilo tudo seja um cenário estático.
As melhores plantas a plantar não digo. Não é para amadores.

Qual a obra de que mais se orgulha?
É o que não está feito. O que foi projectado e não está realizado. E depois há algumas coisas que foram destruidas pela manutenção, pela incompreensão do que era aquilo. Outras estão meio degradadas, como algumas zonas em Lisboa: o parque de São Jerónimo em Belém. Outras estão em vias de ser degradadas como o alto do parque Eduardo VII, onde se aplicou o sistema actual de manutenção, que leva à degradação.

Qual a obra que mais gostaria de fazer?
A obra do sistema natural do homem, principalmente nas zonas onde que ele está instalado, que é nas grandes cidades, nas áreas metropolitanas. É uma obra colectiva, não tem apenas a ver com uma pessoa, porque para continuar e manter essa obra têm de vir outras pessoas para a continuar no tempo. Exemplo disso são os jardins da Gulbenkian, que estavam a ser completamente destruidos por uma manutenção tradicional e clássica que levava a que ficasse de uma forma estática. Em bom tempo estamos a organizar para que o jardim possa ter a evolução natural, que acompanhe o desenvolvimento das árvores, dos maciços, a situação das clareiras dos relvados. Aquilo estava a ser destruído pela manutenção, como estão a ser todos os jardins de Lisboa.

Como tem visto a abordagem da câmara aos assuntos ambientais? Estão no bom caminho?
Não tem abordado coisa nenhuma! Os assuntos ambientais dizem respeito à construção da cidade e não tem sido feito nada nesse aspecto. Por exemplo, o problema de não se ter feito o corredor e a recuperação da ribeira da Alcântara – em que já está um projecto feito – é um situação ambiental gravíssima, não querem porque preferem construir na zona onde passa a ribeira. A câmara não tem contribuido para estas questões porque não as percebe.

E sobre o túnel do marquês, é necessário?
Eu acho que não era necessário para coisa nenhuma, há outras obras mais importantes, a unica utilidade que o túnel tem é ser visível.

Será prejudicial a nivel ambiental?
Tudo o que não é feito de forma organizada em termos de território é sempre prejudicial para o ambiente e gera poluição. Não traz vantagens, portanto é contrário a um bom ambiente. Gera mais carros na cidade e confusão.

E a recuperação de Monsanto? Como vê esta medida?
Monsanto não tinha solo. O principal responsável foi o engenheiro Rodrigo, que para fazer solo teve de colocar plantas pioneiras, as que haviam no país, para tentar uma recuperação do solo, porque sem solo bom não há vegetação. A recuperação foi feita e as plantas que fizeram essa recuperação e criaram matéria orgânica, hoje estão a ser destruídas pela própria vegetação natural dos carvalhos, das pistáceas, e tudo isso que está a aparecer com grande força. Está melhor do que estava, agora é preciso que deixem avançar a vegetação natural e que auxiliem as plantas pioneiras, não deixando avançar as plantas invasoras. Foi uma obra de 30 anos da própria natureza.

Quem são para si as pessoas mais capazes do ponto de vista ambiental em Portugal?
Parte das entidades responsáveis terem o bom senso suficiente e conhecimento na matéria, que não têm, para irem ao encontro daquilo que as pessoas desejam e não andar a criar embustes, a enganá-las, com esses arranjos, de rotundas, de arranjos exteriores a grandes urbanizações, isso tudo é para deitar fora. Há bastantes pessoas capazes cá, arquitectos paisagistas a trabalhar bem, só que também há muitas dificuldades.

Qual o seu sonho para Portugal de um ponto de vista ambiental?
É a recuperação da agricultura em todo o país. Não há ambiente possível sem recuperarmos por todo o país uma agricultura diversificada, de tipo mediterrânico, polivalente que integre depois os espaços urbanos. Hoje não há divisão entre espaços urbanos e espaços rurais, isso acabou, não há fronteiras. Tem de se interligar, como foi na origem, um com o outro. O planeamento tem de abranger os dois aspectos. Há que, de uma forma sábia, articular tanto o sistema natural que tem a agricultura, o recreio, as matas, como o sistema construido que tem os edifícios e os arruamentos. Hoje as cidades não estão dentro de muralhas nem respeitam limites administrativos, esses limites acabaram. É uma ocupação do território que integra o sistema de abrigo, que é o edificado, com o sistema natural (agricultura, pastagens, matas e não jardins da celeste artificiais). Se não fizermos isto estamos a arranjar um artificialismo que nos vai sair muito caro.

Os códigos no Código


Ao longo dos últimos séculos os códigos e a criptação de mensagens foram prática comum quando se pretendia esconder algum segredo muito valioso. É de eventuais segredos sobre o cristianismo de que fala o romance mais célebre e polémico de momento a nível mundial: o Código Da Vinci, de Dan Brown. Para além de pôr em causa as doutrinas seculares da igreja Católica, que centenas de gerações tomam como verdades adquiridas há séculos, o livro fala numa sociedade secreta: o Priorado de Sião, ao qual terão pertencido e constituído Grão Mestre: Leonardo da Vinci, Sir Isaac Newton, Botticelli e Victor Hugo. É por intermédio de diversos códigos em quadros célebres de Da Vinci e noutras formas de criptação (codificação da informação) que Dan Brown coloca os personagens a revelarem pistas para aquilo que no livro é descrito como a verdade escondida sobre o «sagrado feminino» e o Santo Graal. Existem milhares de formas de códigos, conheça algumas…

por João Tomé [publicado no jornal Destak, em Outubro 2004]

Glossário da controvérsia

O quadro de Leonardo da Vinci, A Última Ceia "peça" central no livro de Dan Brown

Maria Madalena – O livro coloca-a como central na história de Jesus, ela simboliza o escondido «sagrado feminino». Ela não seria uma prostituta, mas uma aristocrata (com sangue real), da Casa de Benjamim, casou-se com Jesus Cristo e ambos tiveram uma filha, chamada Sara. Depois de Jesus morrer Maria teria fugido para França, dando origem a uma linhagem com o sangue de Jesus, os Merovíngios, que terão fundado Paris. Uma história bem diferente da actualmente conhecida.

Sagrado feminino – seria o segredo escondido há muitos séculos no qual Maria Madalena teria tido um papel fulcral na história de Jesus. Ao ser ocultado também terá servido para diminuir o papel das mulheres na sociedade.

Jesus Cristo – terá sido o Concílio de Niceia (através de uma votação) que o definiu como filho de Deus, ou uma divindade. Antes disso nunca foi visto dessa forma, mesmo pelos seus milhares de seguidores – era visto apenas como um homem. Jesus também teria sangue real, era da linhagem da Casa de David e descendente de Salomão, rei dos Judeus. Daí o casamento com Maria Madalena ser considerado perigoso para a igreja primitiva.

Bíblia e Concílio de Niceia – Terá sido este concílio que definiu a actual bíblia ao seleccionar evangelhos de forma a excluir tudo o que não interessaria revelar ao imperador romano e pagão, Constantino. Este imperador, terá juntado as crenças pagãs e cristãs sob a forma do catolicismo.

Santo Graal – San Greal, Sang real, Sangue real ou os documentos Sangreal. A demanda do Santo Graal será a demanda para os fiéis se ajoelharem diante do túmulo de Maria Madalena, o sagrado feminino perdido. Junto do túmulo também estariam documentos secretos descobertos pelo templários que provam o «sangue real» de Maria Madalena e Jesus Cristo.

Priorado de Sião – terá sido fundado em 1099 e a sua principal missão seria proteger o Santo Graal da destruição e dos curiosos. Leonardo da Vinci, Sir Isaac Newton, Botticelli e Victor Hugo são alguns dos célebres Grãos Mestres desta sociedade secreta.

A última Ceia (o quadro de da Vinci) – da Vinci não terá pintado o cálice de Jesus tão conhecido na bíblia católica na última ceia de Jesus de propósito porque o Santo Graal não seria um cálice literalmente, mas o formato de V que surge entre Jesus Cristo e Maria Madalena que está ao lado de Jesus (algo que na bíblia não é referido). Existe ainda um homem, que seria o ciumento apóstolo Pedro a pôr a mão no pescoço de Maria Madalena de uma forma ameaçadora e ainda existe no quadro uma mão que não se percebe a quem pertence que segura uma faca.

--

Sequência Fibonacci A matemática na natureza
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, ...
Esta é a sequência Fibonacci em que cada número apresentado é igual à soma dos dois que o precedem. 1+1=2; 1+2=3; 2+3=5; 3+5=8; 5+8= 13; 8+13=21; e assim por diante.

A sequência, inspirada nas teorias do matemático Fibonacci, que viveu na idade Média, faz parte do chamado Número de Ouro. Este número não é mais do que um valor numérico cujo valor aproximado é 1,618.
Trata-se de um número irracional e enigmático que surge numa infinidade de elementos da natureza na forma de uma razão, sendo considerado por muitos como o símbolo da harmonia. Pode-se achá-lo por toda a natureza, mas também em obras artistícas, tanto na pintura como na arquitectura. Leonardo da Vinci, que contribuiu para a teoria do Número de Ouro, utilizava nos seus quadros os seus conhecimentos matemáticos para garantir uma razão, perfeição, beleza e harmonia únicas – atingindo assim o Número de Ouro.
Exemplos disso, são a tradicional representação do homem em forma de estrela de cinco pontas, com pentágonos inseridos numa circunferência, e a obra Mona Lisa, onde existem vários exemplos de construção harmoniosa.
Já a contribuição de Fobonacci para o Número de Ouro está relacionada com a solução do seu problema sobre a reprodução dos coelhos, que permitiu achar a sequência Fibonacci acima descrita. Neste caso as sucessivas razões entre um número e o que o antecede vão-se aproximando do Número de Ouro.



Todos os fenómenos seguintes estão relacionados com a sequência Fibonacci, como se poderá verificar, todos as divisões indicadas são números da sequência acima apresentada.

Flores As margaridas têm geralmente 34, 55 ou 89 pétalas.
Ananás O ananás tem 8 diagonais num sentido e 13 no outro.
Futebol As dimensões correntes do campo já foram de 105, por 65m. E 105 a dividir por 65 é igual ao número PHI. Em Paris, a Pyramide, pirâmide do museu do Louvre que é referida no livro Código da Vinci e o edifício Géode são o exemplo do uso do número de ouro. Também a bola oficial da FIFA tem uma construção que usa o número de ouro.
Música Alguns violinos foram criados a partir do Número de Ouro demonstrando uma grande harmonia.
Ser Humano As proporções do corpo humano como, por exemplo, do antebraço e da mão ou das articulações dos dedos têm uma proporção áurea. Ou seja, fazendo a soma entre esses elementos chegamos por norma ao Número de Ouro.
Arquitectura Existem muitos edifícios que ao serem muito proporcionais atingem o número de Ouro, como é o caso das pirâmides de Gizé, no Egipto, que foram construidas tendo em conta a razão áurea: razão entre a altura de um face e metade do lado da base da grande pirâmide é igual ao número de ouro.


--

Anagramas que nos rodeiam

Anagrama: palavra que vem do grego aná, que significa: para cima, para trás; e grámma, que significa letra, transposição de letras. Anagrama é também a inversão das letras de um nome para formar outro.


Existem vários tipos de anagramas. Os quebra-cabeças utilizam muitas vezes os anagramas, que constituem grupos de palavras que usam o mesmo conjunto de letras, mas com um ordem diferente. Exemplos de anagramas:

amor e roma
maca e cama
mila e lima


Exercício 1 – para definir qual o anagrama possível das seguintes palavras:
1. Tarô (Rato)
2. Porta (Tropa)
3. Célia (Alice)
4. Sacar (casar e cara)
5. Pedra (Padre)
6. Sapo (Sopa, após)
7. Gola (galo e lago)
8. Trela (letra)
9. Apto (pato)
10. Rato (Rota)

Exercício 2 – quantas palavras consegue construir a partir das letras?

P R V A O

Até uma palavra: fraco
Até cinco palavras: mediano
Até 10 palavras: bom
Até 15 palavras: excelente

Soluções: parvo, pavor, prova, vapor, pá, ova, avó, pão, vão, pó, avo, ar, por, par, vá,

Outros tipos de anagramas:
MARROCOS e SOCORRAM
MARTELOS e SOLETRAM
AROMA e AMORA

Ainda existem relacionados com os anagramas as palavras palídromo, que são frases, versos ou palavras que tem o mesmo sentido quando lidas da direita para esquerda ou esquerda para a direita. Exemplos:
Rats live on no evil star
RADAR

Anagramas peculiares:
José Saramago: Seja amargoso
Almeida Santos: mistela danosa
Marcelo Sousa: Salmão escuro
Suor: Urso
Pasto: posta
Quarto: Quatro
Elvis: Lives
Jim Morrison: Mr Mojo Risin
Tom Cruise: So I'm Cuter
EPISCOPAL = PEPSI COLA
Prénatal: parental
Funeral: Real fun
"LISTEN!" = silent
Clint Eastwood: Old West Action
The Morse Code: Here Come Dots
George Bush: He bugs Gore
George Bush: Shoe Bugger
George W. bush: where bugs go
Saddam Hussain: Humans sad side


--

O Código de César
O tipo de código que se segue é conhecido como a Caixa de César. O famoso imperador romano foi o primeiro a construir códigos desta forma e o autor de Código Da Vinci refere-se mais nele no seu livro Fortaleza Digital. Nas letras que se seguem, que não aparentam não ter qualquer significado, escondem-se frases, descubra-as...

1. LETAESOBIASÉTTPNOEASRNR!
Para decifrar esta mensagem basta dividir o código em seis grupos de quatro palavras, e colocá-las na vertical, da seguinte forma (leia na vertical):
LETA
ESOB
I AS...

Agora pode fazer os seguintes exercícios:
2. OREASESQSDTUEOÃIGSO?

3. NIPDBIEUAOERNRMGDSIEAAEECRSDVMSOOPO

4. COEIMOSXTEDQEANIURMTGECAE


____________________
Soluções:

1.LETAESOBI ASETTPNOEASRNR!
Leitores atentos parabéns!

2. OREASESQSDTUEOÃIGSO?
OS SEGREDOS ESTÃO AQUI?

3. NIPDBIEUAOERNRMGDSIEAAEECRSDVMSOOPO
NUMA VIAGEM PODES DESCOBRIR O INESPERADO

4. COEIMOSXTEDQEANIURMTGECAE
CODIGOS QUE EXERCITAM A MENTE

sexta-feira, outubro 29, 1999

Tim Booth | A busca pela essência, até ao "osso"


Tim Booth adora desafios e detesta monotonia. Três anos após o fim da banda inglesa James, onde foi o vocalista ao longo de duas décadas, Tim Booth aparece com o seu álbum a solo intitulado Bone, onde não renega a herança dos James, isto depois de ter experimentado de tudo um pouco ao longo destes anos. Foi actor, argumentista, DJ e escreveu músicas para outras bandas, mas o destino levou-o novamente à interpretação das suas canções. Portugal é um dos destinos predilectos e regressa agora pela segunda vez este ano – esteve no último festival Sudoeste – para dois concertos, um na próxima terça-feira na Aula Magna, em Lisboa e outro no Porto.

João Tomé

Manteve-se ocupado ao longo destes três anos desde o fim dos James, como actor, argumentista e até como DJ. Como foram essas experiências?
São todas coisas que eu adoro fazer e são desafios. Eu gosto de alternar entre as coisas que gosto de fazer. Se me fartar de estar a fazer um papel no teatro, então faço um guião, ou se estou a fazer música e me farto então muda para outras coisas. Adoro esta diversidade! Acho que isto está relacionado com o facto de trabalhar com o Bryan Eno há demasiado tempo, ele vive uma vida incrível, todos os dias aparecem coisas diferentes. Às vezes é artístico, outras vezes é a música e vai para todo o lado no mundo e faz coisas fantásticas e exóticas e demonstra que não temos de estar presos apenas a um dos nossos gostos, mesmo que adoremos fazê-la, se fizermos durante tempo demais podemos secar nela. É fascinante fazer outras coisas e alternar, não nos fartamos e tudo se torna numa alegria.

Pensa em repetir estas experiências? Sim! Tenho alguns papéis porreiros já previstos para o ano passado em teatro na Inglaterra. E argumento tenho um que vou fazer que deve ir ser utilizado na televisão, que tenho de terminar nas próximas semanas.

Disse recentemente que após os James nunca pensou em seguir carreira a solo, queria apenas escrever canções para os outros. Porquê este regresso, mudou de ideias?
Foi mais por acaso. É que conheci o Lee Baker, comecei a adorar trabalhar com ele e uma coisa levou à outra, não foi pensada antes, a maioria das coisas que faço não costumam estar previstas começo as coisas e se tiver boa sorte andamos para a frente e trabalhamos em alguma coisa interessante. Foi isso que se sucedeu com este album, acabei por cantá-lo porque pareceu a coisa mais óbvia a fazer depois de algum tempo a trabalhar com o Lee.

Sentiu a necessidade quando estava a trabalhar com o Lee de cantar as suas próprias canções? Sim! Eu estava a cantar e a trabalhar nas letras e elas eram tão significantes para mim, e levei-as ao meu editor para as sugerir para serem cantadas por outras pessoas, e ele dizia-me: “Essas letras são tão particulares, não podes fazê-las mais gerais? Se queres que outras pessoas as cantem, tens de escrever mais na generalidade sobre o amor, ou a perda”. Mas as minhas letras são tão estranhas, que era muito difícil arranjar pessoas que fossem certas para as cantar. Alguns cantores até se propuseram em cantar algumas das canções, mas no fim acabei por decidir em cantá-las eu. Significavam tanto que parecia que não as queria deixar ir.

O seu registo é muito próximo dos James, acha que algumas pessoas esperavam um corte mais radical em relação ao passado?
Não sei. Obviamente é a minha voz, a minha melodia, as minhas letras, que era o mesmo com os James e não consigo fugir muito disso. Mas a música é muito diferente, eu penso que é, e o homem que fez a música nem conhecia muito os James, por isso não estava a tentar aproximar-se dos James nem nada, ele ficou longe da música dos James, mas vai haver sempre semelhanças porque eu sou o cantor.

Tem a mesma energia que tinha quando estava nos James? Sente-se mais maduro desde essa altura?
Espero que seja um pouco diferente. Algumas destas canções são bastante imaturas. Algumas são sobre a luxúria, um pouco infantis, mas ainda rockamos, é uma mistura de assuntos.

O que sente que mudou mais na sua música relativamente aos James?É mais na base do baixo e da bateria, o Lee Baker tocou todos os instrumentos neste album, fez toda a bateria, o baixo, a guitarra. Ele é mais um baterista e baixista, interessa-se bastante pela música funk e existe muito mais de “groove” nas canções do que haveria nos James. Essa é a diferença fundamental.

Porque é que o nome deste album é Bone? Por algum motivo em especial?É uma palavra agradável e que fica no ouvido (“catchy”). Tem um certo eufemismo sexual e significa a essência das coisas, quando ficam expostas até ao osso ficamos a saber como são as coisas. Tem muitos significados importantes para mim.

Se pudesse definir o seu album em quatro curtas frases como o definiria? Porquê? Quais os assuntos que aborda mais neste album. Porquê?
Esse é o seu trabalho não o meu. Eu sou o cantor e não gosto muito de falar sobre a música, é como uma forma de lixar a mente para mim. Faço a música muito inocentemente e simplesmente fico inspirado, excitado e apaixonado com o que estou a fazer e as letras são coisas que me estão a chatiar, ou a fascinar, quando estou a escrever e depois seguem o seu curso e ficam com vida própria e tornam-se personagens diferentes e eu deixo-as fazer isso e depois quando me perguntam perguntas de crítico... o crítico não teve nenhum papel na elaboração das músicas e é muito difícil afastar-me e pensar nas músicas, não gosto disso, a parte do crítico para mim não é muito produtiva (risos) e não me ajuda muito. Se formos a ver a tua opinião tem tanto valor como a minha, só que melhor porque vais ter mais distância.

Os James fizeram um concerto de despedida no Coliseu de Lisboa. Portugal é um destino obrigatório em concertos? O que pensa do público português?
Já vou a Portugal há uns 15 anos talvez e até mais novo desde quando era um teenager. É um país tão aberto e sempre fomos muito apreciados aí, sempre nos incentivaram a continuar em tantos sentidos. O público português perceberam o que eram os James muito rapidamente, mais rápido do que qualquer outro país, excepto a Inglaterra e isso é muito importante para mim. Não temos muito dinheiro, por isso, quando vamos a um sítio temos de saber se nos querem mesmo e Portugal é daqueles países que luto desde o início quando planeamos os concertos. Digo sempre que temos de tocar em Portugal.

A canção Down to the Sea é de alguma insatisfação relativamente à sociedade actual, porquê?
Penso que sim. Está relacionado com a americanização da cultura actual, que está a ficar cada vez mais forte. Eu até gosto muito da América, mas não gosto da sua crueza e crueldade da cultura que nos chega até a este lado, não é o melhor da américa que nos chega até aqui e essa canção é definitivamente numa postura chatiada, a procurar uma limpeza, um qualquer baptismo desta porcaria que se passa. Há muitas coisas nessa canção: “Everyones a victim, noone is to blame”, é porque ninguém quer-se responsabilizar com o que se está a passar na nossa cultura.
Ir ao fundo do mar [Down to the Sea], o que é isso? É alguém cometer suícidio? Ou é um renascer? Eu acho que é mais um renascer, uma limpeza. É uma música de descontentamento e de mostrar que a maior disto é tretas.
Mas há muitos lados positivos na cultura americana. Apanhamos o melhor e o pior da televisão americana. Os Sopranos, West Wingm são séries brilhantes, cultura ao mais alto nível, mas também temos a porcaria, como a Coca Cola, o McDonalds. Muita coisa que não presta chega cá e é fascinante. Há alguns dias que aceito bem como as coisas estão a ir neste aspecto, noutros como aquele em que escrevi essa canção que estou lixado com isso.

Como classificaria a indústria musical actual?É uma confusão. É o mesmo problema. Ontem morreu um DJ em Inglaterra que se chama John Peel. John Peel, tinha mais impacto na música neste país do que qualquer banda nos últimos 30 anos. Ele foi brilhante, achava sempre as músicas novas que não eram tocadas e tocava-as até serem tocadas por toda a gente, até que ia procurar mais coisas novas. Ele morreu ontem e ninguém vai conseguir preencher esse lugar neste país. Foi uma grande perda e sinto que estamos em grandes apuros em termos de música nestes países. Agora há os downloads, as editoras tomam cada vez menos riscos. Vão buscar menos pessoas novas e procuram música na América para terem mais sucesso. A maior parte da música é feita para fazer as pessoas famosas ou ricas, não para exprimir as suas almas, ou os seus espirítos, ou os seus corações, ou encontrar respostas para as suas vidas e para mim estas últimas razões são aquelas que levam as pessoas a fazer arte com qualidade. Não apenas porque querem ser famosos e fazer muito dinheiro.

Trabalho publicado no jornal Destak, edição 144

domingo, junho 20, 1999

perguntas de blogues

PERGUNTAS A FRANCISCO JOSÉ VIEGAS

- Relativamente à recente censura que existe por parte da Microsoft em serviço de blogs na China. Será que ao se estar a censurar este tipo de palavras não se estará a contrariar a própria definição de blog?
Claro que sim. Um blog é um diário publicado na net; a censura que a Microsoft acedeu a praticar, que é uma vergonha para todos nós, não é inédita. Há cerca de dois anos, cedendo aos lobbies anti-semitas e árabes, a Microsoft baniu a "estrela de David", símbolo do judaísmo, do conjunto dos símbolos partilháveis no seu sistema Windows XP. A atitude da Microsoft devia encher-nos de vergonha, a todos os que nos preocupamos com os direitos humanos e com a segurança dos cidadãos. O que a Microsoft fez não é mais do que colocar a sua tecnologia ao serviço de um regime que assassina, fuzila sem julgamentos, pratica genocídios, ocupa militarmente outros países, despreza a liberdade e os direitos humanos. Dessa forma, a Microsoft mostra que ainda pode ser mais desprezível do que o regime chinês.

- Será legitimo para uma empresa como a Microsoft estar pactuar com esta situação? Que alternativas poderiam existir?
É legítimo. Por mais surpreendente que isso seja, é legítimo (nada os impede) que a Microsoft faça esse serviço de censura por encomenda de um dos regimes mais totalitários e militarizados do mundo. E não me parece que existam alternativas para quem quer furar o cerco montado pela ditadura chinesa e, ao mesmo tempo, pela apertada malha de vigilância da Microsoft.
Isto pode parecer um exagero, mas admitamos que um governo paga à Microsoft para assinalar todos aqueles que falam de sexo, literatura, riso, etc etc, sob o pretexto de serem pessoas perigosas. A Microsoft tem legitimidade para o fazer, porque o seu negócio é esse.

- Como pessoa ligada aos blogs, como se poderá contornar este tipo de restrições?
É muito difícil. Só a criação de um novo dicionário em que as palavras proibidas sejam substituídas por outras, o que é possível fazer-se.

- Será que esta situação pode ter alguma similaridade com a censura em Portugal antes do 25 de Abril?
Não. A censura em Portugal era administrada por uns seres sinistros, mas sobretudo senis, ignorantes e ridículos. A censura da Microsoft tem atrás de si gente inteligente, perversa, bem paga (muito bem paga) e sem escrúpulos.

- De que forma é que será legitimo a um Estado estar a censurar palavras na Internet – como por exemplo, a Alemanha proibiu a utilização de palavras e sites nazis. Será, neste caso, legitimo a restrição de liberdade no mundo cibernético?
Não é legítimo, evidentemente. Mas a IBM trabalhou para o regime nazi e foi acusada de cúmplice do Holocausto, não foi? Eu sou contra a proibição de sites nazis, de qualquer modo -- mas acredito que devem ser vigiados e monitorizados em nome da segurança e da liberdade dos cidadãos.

----------------------

PERGUNTAS A JOÃO PAULO MENESES (JORNALISTA DA TSF, AUTOR E BLOGGER)

- Relativamente à recente censura que existe por parte da Microsoft em serviço de blogs na China. Será que ao se estar a censurar este tipo de palavras não se estará a contrariar a própria definição de blog?
A grande questão é que as diversas empresas para entrarem no mercado chinês têm de fazer cedências. Aquilo que a Microsoft está a fazer e que outras empresas americanas já fizeram, criar vigilância e censura, é a contrapartida que o governo chinês exige para autorizar a entrada de empresas estrangeiras.
A china é o país mais fechado do mundo. Tem uma estrutura muito severa relativamente ao investimento estrangeiro. A Internet foi uma das poucas áreas chave em que permitiram entrada. A Microsoft nunca aceitaria uma coisa destas nos EUA, mas é estranho agora aceitar na China.

- Será legitimo para uma empresa como a Microsoft estar pactuar com esta situação?
A Microsoft está a contrariar a lógica de liberdade de expressão e participação cívica que a génese dos blogues tem. Mas está também a contrariar a liberdade de expressão num país onde até faria mais sentido combater-se essa censura que já existe. Mas acho que apesar de tudo os blogues vão sobreviver para além da ambição financeira do Bill Gates.

- De que forma é que será legitimo a um Estado estar a censurar palavras na Internet – como por exemplo, a Alemanha proibiu a utilização de palavras e sites nazis. Será, neste caso, legitimo a restrição de liberdade no mundo cibernético?
Não vejo este mundo da Internet não o vejo diferente da sociedade de direito. É apenas mais uma ferramenta de uma comunidade. Portugal não aceita partidos políticos que defendam o nazismo. Não me chocaria que houvesse proibição de sites nazis em Portugal, porque os blogs também fazem parte da sociedade de direito. Relativamente à proibição das palavras parece-me um exagero grande até por questões históricas, porque é legítimo poder-se escrever sobre o nazismo.

quarta-feira, junho 09, 1999

Entrevista a Miguel Guedes


Meu Porto
Miguel Guedes, dos Blind Zero


FICHA PESSOAL
Música preferida

Música muito diversa, desde o último dos Queen of the Stone Age ao último do [Bruce] Springsteen.

Na mesa-de-cabeceira (livros)
Agora estou a ler livros sobre duas matérias que, para mim, são muito importantes. Um sobre mergulho, porque vou fazer daqui a pouco tempo, o outro é o Código de Direito de Autor e Direitos Conexos, porque me interessa enquanto músico, autor e intérprete.

Peça de roupa que gostava de comprar
Não tenho nenhum desejo em especial. Para mim a roupa é apenas um acessório.

Teatro que recomenda
Há muita oferta no Porto. Gostei muito de ver o último espectáculo do grupo Visões Úteis.

Último filme que gostou
O Mar Adentro, foi um dos últimos que mais me tocou pela enorme capacidade narrativa que os espanhóis já tem – comparativamente com o cinema português, que raramente consegue ser tão eficaz e emocional.

Confesso que sou
Persistente

Extravagâncias que faz
As privadas são privadas, as públicas normalmente são esporádicas.

Roteiro que recomenda para um dia no Porto
Acordar (com bom tempo) na praia do Cabedelo, em Gaia. Almoçar na Foz, continuando a ter a água por perto. Passear pelo Palácio de cristal e no jardim romântico. Beber um cálice de Porto nas caves. Ao entardecer, passear e jantar na Ribeira. Ir depois ouvir música no Mercedes, e prosseguir a noite fora pelas múltiplas alternativas que o Porto oferece. Mas acabar a noite em casa.


--------------------------------------------------------


O Miguel Guedes é um portuense que é músico ou apenas um músico? (sente-se parte da cidade?)
Sinto-me uma pessoa do Porto, um portuense. Não consigo separar a minha identidade pessoal do sítio onde nasci, das pessoas que conheço, das luzes da cidade e, sobretudo, quando não estou no Porto sinto a enorme falta que a cidade me faz. Um pouco como quando se emigra, é nesses momentos que damos importância aos pormenores da nossa cidade.

Concorda com o estereótipo de que as pessoas no Norte são mais extrovertidas?
Não concordo muito com estereótipos, há alguns lugares comuns em que as pessoas se encontram, e até são de bom senso. Penso que os portuenses e as pessoas de norte têm características específicas, mais relacionadas com a franqueza. Aqui as pessoas, normalmente, são mais agarradas a valores; são também mais conservadoras, mas mais leais e sinceras.

O que é o que o Porto, do seu ponto de vista, tem de diferente das outras cidades?
É uma cidade com uma história imensa e com um grande sentimento de pertença de um povo. Também já deixou de ter complexos de ser a segunda cidade do país. O que tem de diferente é, essencialmente, as pessoas, a história e as opções estéticas que se fazem. Acho que no Porto ainda se perde tempo a ver o rio, são pessoas mais de humores, reflexivas e de paixões. E isso tem a ver com o facto de achar a cidade apaixonante. Há romance no sombrio que ela apresenta e, por isso, parece uma pequena Berlim de Portugal.

Em que é que a cidade poderá melhorar?
Ainda há uma assimetria muito grande entre a zona ocidental (de luxo) e oriental (mais pobre). Essa assimetria é um bocado um espelho do país e é semelhante ao que acontecia em Berlim, como o muro. O Porto retrocedeu muito nos últimos anos, a nível político e cultural. Há muita gente que tem feito muito mal à cidade. A nível político, o que tem sido feito a nível cultural e a nível de uma sociedade livre e democrática fazem o Porto viver tempos turbulentos e de falta de respeito pelas diferenças. Tem-se sentido isso na política cultural e social do Porto nos últimos anos. A forma como foram tratados os despejos em bairros sociais, o combate à exclusão social feito sem qualquer respeito e a forma como se trata a maior instituição desportiva da cidade são alguns dos exemplos.

A Casa da música é um exemplo de sucesso cultural… quais as outras iniciativas que deveriam vingar?
O Porto tem tido possibilidades para ser feliz culturalmente. A Porto 2001 acabou por ser uma oportunidade perdida para trazer a cultura à casa das pessoas. Já há algumas infra-estruturas, agora importa criar sinergias entre as várias instituições como, por exemplo, a Casa da Música com o Teatro S. João e o Museu de Serralves. Deve-se procurar uma política cultural eclética, democrática e abrangente.

Qual o melhor sitio para se viver no Porto? Porquê?
Eu vivo em Gaia. Mas acho que também depende de pessoa para pessoa. Eu viveria sempre bem se tivesse no meu horizonte o rio e o mar.

Qual a melhor recordação que tem da cidade?
Tenho tantas! Se calhar a mais nostálgica é o facto de ter estudado durante 6 anos em Coimbra e a sensação que tinha quando estava de regresso, na Avenida dos Aliados, ao final do dia, com a ausência de pessoas. Tinha uma sensação introspectiva inesquecível de retorno a casa, e é isso nos dá uma identidade portuense.

Reflecte nas letras que escreve os ambientes que o circundam?
Acho que é inevitável porque, apesar de escrevermos em inglês, escrevemos sobre os nossos locais, as nossas experiências locais e os nossos vizinhos. Sempre tivemos um percurso negro e muito psicótico e isso tem muito a ver com o Porto, que é uma cidade muito sombria e escura, mas também muito romântica. Para mim é uma cidade para apaixonados.

Porque é que muitas das principais bandas portuguesas vêm do Porto? Há uma grande aposta musical na cidade?
As pessoas do Porto são criativas, mas tem havido uma maior democratização na música, um fenómeno um pouco por todo o país. Mas esta é uma cidade estimulante e criativa e aqui os músicos querem sempre fazer algo novo e melhor, talvez passe por aí.

Outra das suas paixões é o futebol. Qual a importância para a cidade dos dois principais clube Boavista e F.C. Porto?
Infelizmente o Salgueiros já não representa tanto como representou, mas o Porto e o Boavista são dois emblemas da cidade, um símbolo de alegrias colectivas e de celebração que escapam ao S. João mas são inerentes à própria cidade. É inacreditável ver a mobilização das pessoas para com o seu clube. Ser portista e boavisteiro é um acto de celebração, e quem não respeita isso está a desrespeitar a cidade.

Qual a figura histórica ou actual, do Porto, que mais o inspira…
Não tenho nenhuma que me inspire, tenho respeito por muitas. Se há alguém que deve ser celebrado são as pessoas.

Como imagina a cidade no futuro?
Imagino um porto libertário, multicultural, com uma identidade própria, mas que só se pode construir dinamizando e dinamitando as suas premissas. Uma cidade que crie pólos de comunicação com outras cidades, mesmo a norte na fronteira de Espanha, uma cidade policêntrica, com sinergias e, logo, uma cidade mais feliz.

---------------------------

Quais as maiores dificuldades actuais da música portuguesa?
É um mercado em recessão. As pessoas não se apercebem que enquanto houver cópias piratas e desrespeito pela música, a música portuguesa corre o risco de extinção daqui a alguns anos, acabando por ser uma parte do país que morre com isso.

Os Blind Zero têm um novo álbum (o quinto), The night before and a new day. Este é um álbum mais calmo, com mais silêncios do que o anterior. Porquê a alternância?
Acho que sempre tivemos momentos calmos, desta vez as coisas estão mais definidas. Não diria mais calmo, mas é um disco mais positivo com menos desarmonia. E só poderia ser assim, no disco anterior andámos muito perto das psicoses das pessoas, dos registos sombrios.

Escrever canções é, para si, um acto de libertação?
Sim! De libertação e de mudança. Nestes 11 anos, temos feito questão de mudar de disco para disco. Há uma enorme necessidade de mudar, de forma a dizermos sempre algo de novo.

O que espera ainda alcançar na música?
Os Blind Zero seguem o seu caminho. Até agora temos achado que há sempre algo mais a dizer. Enquanto houver esse sentimento, faz sentido continuar.

Cantar em inglês é também um reflexo da influência que as artes anglosaxónicas têm nas suas letras, como é o caso da inspiração do filme de Wim Wenders, Paris-Texas?
Claramente. Sempre me aproximei mais facilmente de Steinbeck do que do galo de Barcelos. Mais a sério, o Paris-Texas é pura e simplesmente um dos filmes mais maravilhosos da minha vida e que incorpora muitos dos elementos que fazem o percurso conceptualdos Blind Zero: a solidão, a busca, a angustia, a redenção, o amor apaixonado e incondicional, a loucura...

Que outros letristas admira e o influenciaram?
Entre muitos outros, Dylan,Tom Waits, Springsteen, Jorge Palma, Suzanne Vega, Cohen, Joni Mitchell... Tantos...